domingo, 28 de março de 2021

Entre Liberdade e Controle...

    Prezo pela liberdade. Acredito que todos que tem vontade própria, todos que tem consciência, deveriam estar livres para tomar suas próprias decisões, conseguir controlar o próprio destino, ser capazes de mudar as condições nas quais nasceu. 
    Eu me sinto como alguém que sempre andou à margem, nunca contente em trilhar por caminhos já trilhados, não como um completo desbravador do desconhecido, mas um explorador de novos pensamentos. Tenho certa aversão a ideia estar acorrentado, preso num destino que me foi decidido não por mim, corro sempre que vejo formas de amarras. Figurativamente falando, claro. Agradeço que minha vida me permitiu certa liberdade de ação, e hoje posso buscar meus sonhos sem que isso atrapalhe meu futuro. 
    Mas a liberdade total e desenfreada também é um problema. A sociedade só pode existir se restringirmos a nós mesmos até certo nível que seja adequado. Se permitir fazer qualquer coisa só por que pode fazer aquilo pode te levar a privar outros de suas liberdades, não seria isso errado então? 

    Saindo da Filosofia e chegando na Confluência, abordo esse tema na magia. Prometi pelo menos 1 post por mês, uma forma de me manter ativo por aqui e que vem dando certo, mas esse mês vou "falhar". Não por falta de tentativa nem por falta de posts, mas está de fato complexo trabalhar o assunto do próximo post, o 4º Passo da Conjuração no Grimório do Kadin. E o motivo é justamente esse, preciso encontrar o equilíbrio entre Liberdade e Controle que faça a Transformação ficar a níveis ideais, nem tão capaz que qualquer um possa fazer mesmo as magias mais mirabolantes nem tão limitado que só os mais competentes fazem algo de respeito. 
    Tentei correr com construir esse conteúdo no último fim de semana do mês, mas no meio do caminho percebi que é errado. Primeiro, quero que seja algo bem feito. A Transformação é talvez o passo mais importante da conjuração, não posso fazer correndo e deixar problemas pro futuro. Segundo, o que fiz foi prometer posts, não construir tudo até o fim do mês. Minha "meta" mensal é pelo menos evoluir aquilo que já construí a fim de chegar mais perto da conclusão, não é como se não pudesse entregar algo que ainda está no meio do caminho. De fato, está lá no subtítulo do blog: quero deixar aqui o Desenvolvimento, a parte entre o começo e o final

    Então seguem aqui meus pensamentos até o momento...


A Construção da Transformação

    A Transformação, o 4º passo da conjuração, é a capacidade de manipular não a forma ou a posição da Mana, mas sim sua própria composição. Da mesma maneira que a Mana obedece quando o conjurador ordena ela para ir para tal posição, a Mana obedece quando o conjurador ordena que ela se torne tal coisa. Essa coisa depende somente do conhecimento transposto do conjurador. As implicações dessa afirmação são perigosas para a estabilidade do sistema. Isso por que as coisas mais básicas da realidade são também as mais fundamentais, e se alteradas fazem todo tipo de estrago, e ao mesmo tempo quanto mais simples for alguma coisa, mas fácil é alterar a Mana para ser aquilo. Não pode ser simples assim, tem que ter alguma lógica, algum intermédio que faça o trabalho de forma controlada. 

    Minha primeira conclusão que acredito ser importante demais para deixar de fora é que a Transformação não é absoluta na maior parte das vezes. Ela é parcial, como uma versão falsa, incompleta daquilo que deveria ser. Uma pseudo-transformação. Tem pontos positivos e negativos, é bom por que a parte que ainda é Mana ainda pode estar sob seu domínio permitindo que você controle, também é absurdo de bom pois se bem feito você pode pegar apenas as partes que te interessam e transpor isso para a Mana, deixando as partes ruins de fora por exemplo, mas pode ser ruim no aspecto que não é perfeitamente real, a parte Mana daquilo vai fazer com que o todo eventualmente se desfaça em Mana de volta, a matéria não vai ser tão resistente, não vai ter tanta massa, a chama não será tão quente ou capaz de se espalhar como um fogo de verdade, a luz precisa de mais energia para iluminar o mesmo tanto, um veneno irá eventualmente se desmanchar e deixar de funcionar sozinho... É um conceito interessante que quero ver se consigo aplicar no sistema de fato, mas ainda não responde como as coisas vão funcionar. Ainda preciso de um intermédio na Transformação.

    Tem as "escolas de magia" clássicas do D&D: Evocação, Conjuração, Ilusão, Transmutação, Abjuração , etc... Elas abordam conceitos bem interessantes, mas será que englobam cada aspecto da magia como eu quero que façam? Sinceramente, acredito que não, mas ainda assim vou estudar o caso. Escrevo hoje em época de spoilers da coleção Strixhaven do MTG, a coincidência foi... interessante. Magic The Gathering separou as "mágicas" em 5 cores, cada cor engloba todo um conceito e hoje são tão complexos que parecem ter personalidades. Não dá para imitar o MTG aqui, mas dá para seguir seu exemplo: Criar conceitos que englobam cada aspecto da magia para fazer a Transformação ter regras completas e equilibráveis? Mais fácil falar do que fazer, mas a direção parece ser é essa mesmo, Conceitos. 

    Nesse ponto lembro dos 4 elementos: Fogo, Água, Terra e Ar. Sempre gostei deles por sua simplicidade, mas não é um intermédio adequado ao meu sistema. Eles são limitados demais: Eletricidade é um derivado do Ar ou do Fogo? De ambos? Não teriam Elementos mais versáteis que os outros? E os conceitos mais avançados, como Gravidade? Tempo/Espaço? Cura é derivada da Água então? Como funcionaria a Invocação? Qual o elemento dos clássicos Mísseis Mágicos? E a necromancia? Teria então novos "elementos" para adequar esses conceitos, como Luz e Trevas? Sub-Elementos? Quantas coisas teriam que ser criadas para esse sistema fazer sentido? Não faria a simplicidade desse sistema causar mais complexidade no futuro que um sistema mais complexo desde o começo? Nesse caso, qual outro sistema poderia usar?

    Lembrei outra coisa que tinha vontade de fazer, tinha como plano de ação não desenvolver a Confluência inteira logo de cara, e sim ir construindo aos poucos através de projetos pequenos e gerenciáveis. Lembra do Alchemist's Shop? Do Kingdom Inc.? Tive um outro que nem saiu do papel (de propósito) que tenho vergonha de dizer que nomeei como Way of the Magic. Todos estes são projetos que surgiram da vontade de começar, de dar o primeiro passo, de construir uma base que darão aos outros projetos que virão a confiança de arriscar algo mais, algo maior, e assim ir crescendo. Bom, admito que não vem dando certo, fui atrás de ver se tinha link aqui no blog pra direcionar quando escrevi o Alchemist's Shop, e fui descobrir que além de não ter link, ele estava listado como "Em Desenvolvimento". Já faz tanto tempo que nem olho pra esse projeto que nem lembro direito onde estão os arquivos dele... E prometi um post dele hein!?

    Enfim, por mais que estes projetos não estão mais vivos agora, eles se encaixam bem nessa ideia de intermédio da Transformação. Permita-me explicar: Alchemist's Shop aborda especificamente a parte da magia que tira proveito das propriedades dos materiais e suas reações com as energias mágicas. Way of the Magic aborda especificamente a conjuração da magia, coisa que venho fazendo no grimório mas de forma não específica. Quando pensava nestes jogos refleti sobre outras características que gosto na magia, os Rituais e os Encantamentos, outros 2 aspectos específicos da magia, um que aborda magias grandes, complexas e demoradas e outro que aborda dar propriedades mágicas e a habilidade de conjurar magias a objetos. Será que posso então dividir a Transformação através dos usos da magia, ir construindo um a um sempre mantendo em mente a compatibilidade das partes entre si, e eventualmente a Transformação está completa? É trabalhoso. É viável? E principalmente, é correto?

    Criar conceitos que englobam cada aspecto da magia para fazer a Transformação ter regras completas e equilibráveis, copiei e colei de lá de cima pois é como parece ser o mais correto no fim das contas. Transformar Mana em outra energia como Luz ou "Fogo" (calor) parece tranquilo, mas e quanto a Materialização das coisas? Invocação de criaturas? Sob quais leis a Alquimia é possível? E os Encantamentos? Poarr, Divinação, como faço ela ser possível de um ponto de vista lógico? Voodoo, bruxaria, maldições? Necromancia e não-vida? Como funciona a Cura? Sanguinomancia? Xamanismo? Magia divina? Esqueci alguma? Aposto que sim, mas quantas? Devo lembrar aqui que a Mana é a energia mais versátil e capaz de conjurar a maior variedade de magias, maaaaaaas não precisa ser capaz de conjurar TODAS as magias. Na verdade, de fato algumas dessas formas de magia que descrevi aqui se devem justamente pelo uso de energias específicas ou até mesmo a chave não está na energia e sim em alguma outra coisa. Então, quais, especificamente, a Mana é capaz de conjurar e como explicar a Transformação delas? 


    Então é isso, ainda tenho estudo a fazer antes de decidir como vai funcionar essa parte, Feito melhor que Perfeito, mas não significa Mal Feito!

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