terça-feira, 12 de outubro de 2021

O problema da Transformação

    Viver não é fácil não. Morar numa cidade pequena que parece fazer questão de ficar travada no tempo não ajuda. Trabalhar do amanhecer até o anoitecer quase todos os dias e ainda tentar tocar projetos paralelos no tempo livre consome a pessoa. Eu acho. Por que comigo foi mais pra ficar jogando alguma coisa no tempo livre mesmo. Monster Hunter World é muito bom! Mas enfim, eu não vim aqui para ficar falando das procrastinações dos problemas da vida, eu vim tentar construir mais uma peça neste projeto que é o blog Confluência dos Mundos. 

    Outro dia, estava lá eu entediado e fui jogar Factorio. Dei load num save que já vinha jogando, e me deparei com mais de 10 minutos "perdidos" apenas olhando para aquilo tudo que eu tinha feito. Uma megafábrica lançando foguetes pro espaço sem parar. Eu estava olhando e relembrando como as coisas eram antes, num save novo você começa com uma mochila e uma picareta e nada mais. Ficou aquele sentimento de "cada pouquinho de tempo que fui jogando ao longo dos dias eu fui criando algo mais" e depois de várias dezenas de horas de jogo esse amontoado de "algo mais" ficou tão grande e complexo que é difícil e também bastante satisfatório você olhar e falar: "Eu fiz isso."

    Este blog foi criado em 2019, apesar de não poder comparar realidade com jogos já que eles são feitos para desafiar na medida certa e dar uma sensação de evolução com certa constância, eu percebo que ainda assim eu deveria estar fazendo mais por aqui. Eu deveria vir aqui e dedicar um pouquinho do meu tempo e tentar construir "algo mais". Então vamos tentar esse formato.


Eu ainda não passei do problema da Transformação. 

    Em meu post anterior eu mostrei diferentes abordagens para esse problema. Afirmei que a Mana pode se transformar em qualquer coisa que o conjurador deseje, desde que o conjurador tenha o conhecimento daquilo para passar para a Mana. Também disse que isso por si só é perigoso para a saúde do sistema então é necessária a aplicação de um intermédio que permita um controle de como isso vai funcionar. Adicionei também uma regra que a Transformação da Mana não é necessariamente absoluta, é apenas a Mana se comportando como o algo transformado e não o algo propriamente dito, mas não disse o que é necessário para que a transformação então se torne perfeita. Conclui, pelo menos parcialmente, que precisaria criar "Conceitos" para regrar a Transformação, e agora adiciono nessa explicação que estes "Conceitos" precisariam ser Definíveis, Quantificáveis, Exatos, não necessariamente booleanos mas ainda assim precisariam de características que os façam poder ser diferenciáveis na programação, para que um computador saiba dizer o que é um e o que é outro.

    Durante o tempo entre o post anterior e este, eu estive desenvolvendo mais deste papo mágico. Um pouco no caderno, um pouco na Unity, outro pouco em tabelas de excel e modelos no Yed, e mais um pouco na própria cabeça, jogando coisas relacionadas a magia e a criação dela, lendo coisas relacionadas a magia (destaco aqui que vi ambos, a magia fantasiosa e também a magia do mundo real, que não é o que eu quero pra confluência mas toda essa fantasia veio de algum lugar!). E não encontrei uma boa resposta ainda. Vi várias fontes que pareceram tão inspiradas na magia quanto eu, mas que no fim das contas a criação deles não trilhou o mesmo caminho que eu trilho. A parte do "sistema de magia" é pulada ou explicada em pedaços pequenos, insuficientes para mim. Eu não quero acreditar que estou sozinho nessa, se tiver alguém por aí lendo isso daqui e que seja doido o suficiente de querer discutir sobre como os magos nos rpgs podem conjurar magias, me chame! 

    Enfim, voltando para o assunto, eu não consegui construir uma resposta para essa questão da Transformação ainda, a internet também não me deu essa resposta ainda, está na hora de mudar de abordagem. Mal Feito melhor do que Não Feito (e a frase tá só piorando kkk). 

domingo, 28 de março de 2021

Entre Liberdade e Controle...

    Prezo pela liberdade. Acredito que todos que tem vontade própria, todos que tem consciência, deveriam estar livres para tomar suas próprias decisões, conseguir controlar o próprio destino, ser capazes de mudar as condições nas quais nasceu. 
    Eu me sinto como alguém que sempre andou à margem, nunca contente em trilhar por caminhos já trilhados, não como um completo desbravador do desconhecido, mas um explorador de novos pensamentos. Tenho certa aversão a ideia estar acorrentado, preso num destino que me foi decidido não por mim, corro sempre que vejo formas de amarras. Figurativamente falando, claro. Agradeço que minha vida me permitiu certa liberdade de ação, e hoje posso buscar meus sonhos sem que isso atrapalhe meu futuro. 
    Mas a liberdade total e desenfreada também é um problema. A sociedade só pode existir se restringirmos a nós mesmos até certo nível que seja adequado. Se permitir fazer qualquer coisa só por que pode fazer aquilo pode te levar a privar outros de suas liberdades, não seria isso errado então? 

    Saindo da Filosofia e chegando na Confluência, abordo esse tema na magia. Prometi pelo menos 1 post por mês, uma forma de me manter ativo por aqui e que vem dando certo, mas esse mês vou "falhar". Não por falta de tentativa nem por falta de posts, mas está de fato complexo trabalhar o assunto do próximo post, o 4º Passo da Conjuração no Grimório do Kadin. E o motivo é justamente esse, preciso encontrar o equilíbrio entre Liberdade e Controle que faça a Transformação ficar a níveis ideais, nem tão capaz que qualquer um possa fazer mesmo as magias mais mirabolantes nem tão limitado que só os mais competentes fazem algo de respeito. 
    Tentei correr com construir esse conteúdo no último fim de semana do mês, mas no meio do caminho percebi que é errado. Primeiro, quero que seja algo bem feito. A Transformação é talvez o passo mais importante da conjuração, não posso fazer correndo e deixar problemas pro futuro. Segundo, o que fiz foi prometer posts, não construir tudo até o fim do mês. Minha "meta" mensal é pelo menos evoluir aquilo que já construí a fim de chegar mais perto da conclusão, não é como se não pudesse entregar algo que ainda está no meio do caminho. De fato, está lá no subtítulo do blog: quero deixar aqui o Desenvolvimento, a parte entre o começo e o final

    Então seguem aqui meus pensamentos até o momento...


A Construção da Transformação

    A Transformação, o 4º passo da conjuração, é a capacidade de manipular não a forma ou a posição da Mana, mas sim sua própria composição. Da mesma maneira que a Mana obedece quando o conjurador ordena ela para ir para tal posição, a Mana obedece quando o conjurador ordena que ela se torne tal coisa. Essa coisa depende somente do conhecimento transposto do conjurador. As implicações dessa afirmação são perigosas para a estabilidade do sistema. Isso por que as coisas mais básicas da realidade são também as mais fundamentais, e se alteradas fazem todo tipo de estrago, e ao mesmo tempo quanto mais simples for alguma coisa, mas fácil é alterar a Mana para ser aquilo. Não pode ser simples assim, tem que ter alguma lógica, algum intermédio que faça o trabalho de forma controlada. 

    Minha primeira conclusão que acredito ser importante demais para deixar de fora é que a Transformação não é absoluta na maior parte das vezes. Ela é parcial, como uma versão falsa, incompleta daquilo que deveria ser. Uma pseudo-transformação. Tem pontos positivos e negativos, é bom por que a parte que ainda é Mana ainda pode estar sob seu domínio permitindo que você controle, também é absurdo de bom pois se bem feito você pode pegar apenas as partes que te interessam e transpor isso para a Mana, deixando as partes ruins de fora por exemplo, mas pode ser ruim no aspecto que não é perfeitamente real, a parte Mana daquilo vai fazer com que o todo eventualmente se desfaça em Mana de volta, a matéria não vai ser tão resistente, não vai ter tanta massa, a chama não será tão quente ou capaz de se espalhar como um fogo de verdade, a luz precisa de mais energia para iluminar o mesmo tanto, um veneno irá eventualmente se desmanchar e deixar de funcionar sozinho... É um conceito interessante que quero ver se consigo aplicar no sistema de fato, mas ainda não responde como as coisas vão funcionar. Ainda preciso de um intermédio na Transformação.

    Tem as "escolas de magia" clássicas do D&D: Evocação, Conjuração, Ilusão, Transmutação, Abjuração , etc... Elas abordam conceitos bem interessantes, mas será que englobam cada aspecto da magia como eu quero que façam? Sinceramente, acredito que não, mas ainda assim vou estudar o caso. Escrevo hoje em época de spoilers da coleção Strixhaven do MTG, a coincidência foi... interessante. Magic The Gathering separou as "mágicas" em 5 cores, cada cor engloba todo um conceito e hoje são tão complexos que parecem ter personalidades. Não dá para imitar o MTG aqui, mas dá para seguir seu exemplo: Criar conceitos que englobam cada aspecto da magia para fazer a Transformação ter regras completas e equilibráveis? Mais fácil falar do que fazer, mas a direção parece ser é essa mesmo, Conceitos. 

    Nesse ponto lembro dos 4 elementos: Fogo, Água, Terra e Ar. Sempre gostei deles por sua simplicidade, mas não é um intermédio adequado ao meu sistema. Eles são limitados demais: Eletricidade é um derivado do Ar ou do Fogo? De ambos? Não teriam Elementos mais versáteis que os outros? E os conceitos mais avançados, como Gravidade? Tempo/Espaço? Cura é derivada da Água então? Como funcionaria a Invocação? Qual o elemento dos clássicos Mísseis Mágicos? E a necromancia? Teria então novos "elementos" para adequar esses conceitos, como Luz e Trevas? Sub-Elementos? Quantas coisas teriam que ser criadas para esse sistema fazer sentido? Não faria a simplicidade desse sistema causar mais complexidade no futuro que um sistema mais complexo desde o começo? Nesse caso, qual outro sistema poderia usar?

    Lembrei outra coisa que tinha vontade de fazer, tinha como plano de ação não desenvolver a Confluência inteira logo de cara, e sim ir construindo aos poucos através de projetos pequenos e gerenciáveis. Lembra do Alchemist's Shop? Do Kingdom Inc.? Tive um outro que nem saiu do papel (de propósito) que tenho vergonha de dizer que nomeei como Way of the Magic. Todos estes são projetos que surgiram da vontade de começar, de dar o primeiro passo, de construir uma base que darão aos outros projetos que virão a confiança de arriscar algo mais, algo maior, e assim ir crescendo. Bom, admito que não vem dando certo, fui atrás de ver se tinha link aqui no blog pra direcionar quando escrevi o Alchemist's Shop, e fui descobrir que além de não ter link, ele estava listado como "Em Desenvolvimento". Já faz tanto tempo que nem olho pra esse projeto que nem lembro direito onde estão os arquivos dele... E prometi um post dele hein!?

    Enfim, por mais que estes projetos não estão mais vivos agora, eles se encaixam bem nessa ideia de intermédio da Transformação. Permita-me explicar: Alchemist's Shop aborda especificamente a parte da magia que tira proveito das propriedades dos materiais e suas reações com as energias mágicas. Way of the Magic aborda especificamente a conjuração da magia, coisa que venho fazendo no grimório mas de forma não específica. Quando pensava nestes jogos refleti sobre outras características que gosto na magia, os Rituais e os Encantamentos, outros 2 aspectos específicos da magia, um que aborda magias grandes, complexas e demoradas e outro que aborda dar propriedades mágicas e a habilidade de conjurar magias a objetos. Será que posso então dividir a Transformação através dos usos da magia, ir construindo um a um sempre mantendo em mente a compatibilidade das partes entre si, e eventualmente a Transformação está completa? É trabalhoso. É viável? E principalmente, é correto?

    Criar conceitos que englobam cada aspecto da magia para fazer a Transformação ter regras completas e equilibráveis, copiei e colei de lá de cima pois é como parece ser o mais correto no fim das contas. Transformar Mana em outra energia como Luz ou "Fogo" (calor) parece tranquilo, mas e quanto a Materialização das coisas? Invocação de criaturas? Sob quais leis a Alquimia é possível? E os Encantamentos? Poarr, Divinação, como faço ela ser possível de um ponto de vista lógico? Voodoo, bruxaria, maldições? Necromancia e não-vida? Como funciona a Cura? Sanguinomancia? Xamanismo? Magia divina? Esqueci alguma? Aposto que sim, mas quantas? Devo lembrar aqui que a Mana é a energia mais versátil e capaz de conjurar a maior variedade de magias, maaaaaaas não precisa ser capaz de conjurar TODAS as magias. Na verdade, de fato algumas dessas formas de magia que descrevi aqui se devem justamente pelo uso de energias específicas ou até mesmo a chave não está na energia e sim em alguma outra coisa. Então, quais, especificamente, a Mana é capaz de conjurar e como explicar a Transformação delas? 


    Então é isso, ainda tenho estudo a fazer antes de decidir como vai funcionar essa parte, Feito melhor que Perfeito, mas não significa Mal Feito!

domingo, 28 de fevereiro de 2021

O Grimório do Kadin, pág 8

A Arte, Pt2

    Mas se precisamos de meros movimentos casuais para conjurar magia, por que os afazeres do dia a dia não conjuram? Se palavras são necessárias para conjurar, como alguém pode dizê-las normalmente? Se runas podem ter efeitos mágicos, como escrever um livro de runas sem que ele se exploda? É importante estar atento aos detalhes, cada ação pode ser mundana ou mágica, dependendo meramente de quem a executa. Chamam isso de Afinidade, característica que define quão fácil é para o conjurador ter seu desejo interpretado pela Mana. E essa "afinidade" muda não só de pessoa para pessoa, muda também conforme seu domínio da Mana, e muda de tempos em tempos de formas um tanto difíceis de compreender. Os mais religiosos chamam simplesmente de "amados pela Mana" ou algo assim. Eu discordo: a Mana é inconsequente, e aqueles "amados pela Mana" devem tomar cuidado com mesmo seus pensamentos mais inconscientes ou essa bênção se torna uma maldição.
    Já aqueles "não amados", a grande maioria de nós diga-se de passagem, devem se esforçar para ter seus desejos interpretados. A mente limpa e clara não é algo fácil de alcançar, num momento de urgência é menos ainda, e uma magia complexa eleva o grau de dificuldade a níveis impensáveis. Para ajudar a manter o foco durante a conjuração assim como ajudar a ter seu desejo interpretado corretamente pela Mana, nós usamos de nosso próprio meio de comunicação, a fala.
    Damos nomes as coisas, e com isso sabemos claramente o que os nomes representam. Por isso foi criada a linguagem Arcana, uma linguagem com o menor nível possível de ambiguidades, mas exatamente por isso o maior números de palavras. Mas não importa que língua use, desde que clareie sua mente e transmita seu desejo, alcançou seu objetivo. Similarmente são os movimentos, diminui a carga mental se movimentarmos a mana com nosso corpo. Um pouco de treinamento pode ser necessário, porém. As runas são mais difíceis de entender, não é como se um símbolo pudesse desejar alguma coisa, afinal seu sentido depende de quem escreve, mas o efeito acontece para quem vê. Os materiais por outro lado são os mais versáteis e interessantes: servem como catalisadores pro efeito, ou até modificam eles. Extremamente úteis para as magias complexas, eles podem oferecer o conhecimento que não temos, e durante a interação da magia com estes materiais os efeitos podem ser alterados dramaticamente.
    Como pode ver, no fim tudo se resume à capacidade do conjurador de transferir sua vontade para a Mana. Aqueles que estudam a natureza e buscam entender os fenômenos mais estranhos da magia, conhecidos como Magos, usam esse conhecimento para criar magia. Aqueles que conseguem conjurar devido a alguma ascendência, como os Feiticeiros ou seres como os dragões ou fadas, aproveitam de uma afinidade natural com determinados elementos e um conhecimento cultural de determinados conceitos. Aqueles que receberam o poder de conjurar de outros seres, como Clérigos ou Bruxos, usam uma espécie de canal com este ser como catalisador ou como fonte do desejo que será passado para a Mana. Os Bardos conseguem conjurar pois conseguem transferir não só conhecimentos para a Mana, mas conceitos inteiros através de sua arte. Damos nomes às coisas, mas cada uma dessas "profissões" nada mais são do que pessoas diferentes que encontraram formas diferentes de "conversar" com a Mana. Poderíamos continuar indefinidamente nomeando cada "profissão", como os Xamãs que parecem ser uma mistura de Feiticeiro e Bruxo ou os Teurgistas que são uma espécie de Magos Divinos. Seu caminho é você quem faz.
    Seu caminho é você quem faz. Cada um tem sua própria forma de se fazer ser entendido pela Mana. Você pode até ter sucesso em copiar como os outros fazem para conjurar, mas só você sabe como é a melhor forma de organizar seus pensamentos para passar sua vontade, só você sabe como movimentar seu corpo, como controlar sua Mana. Inspire-se no sucesso e no fracasso dos outros, mas trilhe seu próprio caminho.


Tá parecendo livro de autoajuda.  =p

    Bom, preciso continuar desenvolvendo como acontece a Manifestação, quero me focar num sistema em específico mas sempre que tento acabo voltando pros termos gerais. Sempre me foi mais fácil enxergar o geral mesmo, não é novidade. Muita coisa foi definida nestes 2 últimos posts, percebi que era importante analisar e preencher algumas lacunas. Nisso acabei criando mais, essa tal de Afinidade nunca me passou pela tão claramente, embora definitivamente o conceito esteve desde o começo em um canto ou outro dos pensamentos. E mais, tem desculpa melhor para explicar as inconstâncias da magia do que essa? 

    Não gosto da ideia de que a habilidade de alguém, o destino de alguém, seja decidido no momento que esse alguém nasce. Mas ao mesmo tempo, eu disse antes: a vida é injusta. Pessoas nascem diferentes, na Confluência essa diferença passa a ser ainda maior o se considerar que não tem só humanos entre as criaturas inteligentes. E Afinidade pode ser exatamente essa característica que define a diferença entre 2 conjuradores, que tiveram pontos de partidas semelhantes, tempo de estudo semelhantes, acesso aos mesmos conhecimentos... Não só isso, nada impede que ela seja alterada com o decorrer do tempo através de vários fatores, treinamento extensivo, poções exuberantes, bênçãos divinas... Poxa, até mesmo o estado emocional pode alterar a Afinidade e fazer com que uma magia se torne mais poderosa num momento crítico! (clássico aumento de poder repentino quando fica puto). 

    Também nunca cheguei a falar da linguagem Arcana, e ela de repente apareceu. Em termos de história isso seria conhecimento comum, uma linguagem mística usada pelos conjuradores, e que nem eles mesmos sabem a língua corretamente. Em temos de desenvolvimento do sistema de magia ela é uma consequência, nascida da necessidade de trazer de volta o misticismo da magia. Já tem bastante tempo que estou criando um sistema para conjuração de magia que faça sentido, e a ideia de que a Mana parece ter uma espécie de consciência parcial sempre rodou minha mente, assim como a ideia de que a conjuração depende da Mana entender o que é para acontecer antes de.. bem, acontecer. Já venho desenvolvendo as páginas anteriores tomando isso como linha de base, não quero ter que explicar cada lei, e sim criar apenas uma lei que rege geral o comportamento da Mana e tratar as exceções depois. 

    Enquanto criava acabei dando uma variada na linha de pensamento que decidi por deixar ali, primeiro por que ficou legal, segundo por que ainda tem contexto. Digo à respeito das classes conjuradoras, uma passagem superficial sobre a diferença fundamental das classes. Aqui digo classes conjuradoras pois é como as diversas histórias e jogos os tratam, mas quero remover as correntes que limitam um conjurador, devido aos jogos essa classificação acabou ficando invertida, a classe definindo a magia. Está errado, as pessoas que especializam em algum tipo de magia que receberam nomes, o certo é as magias que alguém conjura que define sua classe, e se não tiver uma classe que engloba as magias escolhidas não é problema, afinal o importante são as magias e não nossas formas de classificar as coisas. 

    Este tema está se provando mais complexo que imaginei inicialmente, e já esperava que fosse ser complexo. Definir como acontece a Manifestação da Magia sem descartar tanta coisa deixa meu trabalho mais difícil, mas ao mesmo tempo o resultado disso vai ser muito mais satisfatório, não estou com pressa pra terminar, quero fazer bem feito. E os próximos passos já foram definidos: detalhar mais sobre as regras da Transformação e da Manifestação, só quando eu conseguir conjurar uma magia mais complexa que Luz que eu vou feliz. =D

sábado, 30 de janeiro de 2021

O Grimório do Kadin, pág 7

A Arte, Pt1 

    Há muitas energias por aí que podem ser utilizadas para conjurar magias, e há muitos mundos por aí que desenvolveram suas próprias formas de usar estas energias. Conforme as gerações passaram, os conjuradores foram evoluindo suas formas de conjurar e independente dos objetivos deles objetivos a magia evoluiu. Mas em cada lugar, em cada aldeia, cada civilização, a magia evoluiu de sua própria maneira. Há até aqueles que se ofendem se chamarmos o uso dessas energias de Magia ou o usuário de Conjurador, de tão diferentes os caminhos tomados pelas pessoas, e tão diferentes as próprias energias podem ser umas das outras. Este grimório é uma herança de um praticante da Arte, uma forma ancestral de moldar a Mana ao desejo do conjurador, tão ancestral que o tempo não sabe medir, e tão ramificada que gerações de historiadores não conseguiriam explicar suas origens. Nós damos nomes as magias que criamos, esta que recomendei como primeira magia tem o nome Luz, um nome prático para uma magia prática. Também categorizamos estas magias de acordo com sua complexidade, esta é talvez a mais simples das magias do primeiro Círculo.
    Para conjurar Luz, você teve que passar para a Mana seu desejo, explicar para ela o que é o efeito, como é o efeito, enquanto limpa sua mente de outros pensamentos que poderiam também ser interpretados pela Mana e atrapalhado sua conjuração. A Mana que está sob seu domínio tem um potencial de transformação inimaginável, mas depende de você dizer pra ela o que ela vai ser. É aqui que entra a diferença entre a magia Luz e as outras magias mais complexas, você consegue ter uma visão clara de como é a composição de um portal dimensional? Mesmo se soubesse cada detalhe de como funciona um, até terminar de passar esse conhecimento para a Mana sua mente já se esqueceu das partes anteriores. A Mana não tem memória, não vai aprender mesmo se você explicar os fatos mais simples, ela apenas te ouve. Você teria que passar todo o conhecimento de uma vez.
    Para acompanhar a complexidade exigida pelas magias, criamos formas de ordenar nossas vontades para a Mana, para que a magia seja executada passo a passo. Podem ser palavras, runas, movimentos, sinais, materiais, sons... Qualquer coisa que faça com que sua vontade possa ser interpretada pela Mana é uma ferramenta de conjuração. Aprenda essas ferramentas e como usá-las, e estará conosco entre os praticantes Da Arte.

    Antes cheguei a comentar sobre a diferença entre magia e tecnologia, disse que cada magia é única, uma obra de arte. Nada mais justo do que chamar o conjurador de Artista, e a conjuração de Arte! Mas sinceramente, prefiro conjurador mesmo >.<”
    No post anterior eu comentei sobre o problema da conjuração baseada simplesmente no pensamento, você deseja e acontece. Inicialmente eu pensei em o que mudar para corrigir isso, mas então descobri que o que falta é mais explicação. Tenho que dar mais atenção ao 4º e 5º passo da conjuração, a Transformação e a Manifestação. Tenho que criar uma forma que permita tudo que disse querer permitir em regras simples.


    Então, como diria nosso amigo Jack, o Estripador...

Vamos por partes 

 
Quais são os fatos que devem estar alinhados com o sistema de conjuração?
  • Primeiramente, estamos falando de Conjurar usando Mana com seus 5 passos: Sentir, Manipular, Subjugar, Transformar e Manifestar.
  • Segundamente, eu não quero somente 1 sistema, eu quero que seja possível a criação de outros sistemas também, e amplio isso para as outras energias além da Mana, e qualquer combinação entre elas.
  • De um ponto de vista de 1º pessoa, existem 3 tipos de Mana: a que está sob seu domínio, a que está sob domínio de outro, e a que está fluindo na natureza.
  • A Manifestação deve ser capaz de trabalhar com todo tipo de energia que a Mana pode se transformar (o 4º passo vem antes do 5º!).
  • Também tem as minhas próprias opiniões e vontades alinhando o destino do sistema. Um dos motivos de estar tão aberto às possibilidades é que gostaria de um dia ter outros arcanos colocando suas vontades na magia, mas o que tenho hoje é o que tem pra hoje.

    
Eu gosto da divisão da magia em "Círculos" (níveis, camadas, tiers, e por aí vai), só nunca sequer comentei sobre isso antes pois gostar é uma coisa, explicar é outra. Nas histórias, os círculos da magia com classificações que separam tanto as magias quanto os próprios conjuradores por habilidade, efeito, dificuldade, ou o que for que o autor considerar. Mas aqui, os Círculos se encaixaram tão bem que mal preciso de explicar! Importante deixar claro que, para mim, é a dificuldade quem define em qual círculo uma magia estaria. Conseguir organizar as magias em níveis de dificuldade ajuda bastante o conjurador a se decidir se vai ou não tentar aprender uma magia. Acho que comecei a derivar um pouco do assunto... 

Um Pouco de Falta de Física...

    Para que eu possa continuar definindo como funciona A Arte, preciso definir melhor como a Mana se comporta, por que ela faz o que faz e por que ela não faz o que não faz. Não posso mais continuar com metáforas e comparações, coisas precisam ser definidas. Então explicando os comportamentos da Mana:

  • Ela se comporta como uma energia que não depende de matéria, e parece não interagir com nada, apenas passa através das coisas como se não estivessem lá. 
    Esse comportamento por si só já é resultado de múltiplas leis agindo em conjunto. Vou aqui dizer que de certa forma a Mana é como a luz, uma partícula, uma energia, e uma onda ao mesmo tempo. Mas de certa forma é como a matéria escura do vácuo do universo, que quase não interage com as outras coisas. Bom, na verdade a Mana interage sim com muita coisa, é só que os efeitos são difíceis de perceber, então parece que não interage.
    Já as coisas com as quais a Mana interage são por causa de alguma característica que possuem, que diretamente ou indiretamente interage com alguma característica que a Mana possui. Gosto de pensar nos famosos Cristais de Mana que tem em quase toda história envolovendo magia, minerais que crescem em locais com alta densidade de Mana, com a parte de matéria da Mana ficando presa lá no meio, um mero exemplo superficial pra explicar meu ponto.
    Outro exemplo seriam os próprios conjuradores, que por qualquer motivo que seja conseguem sentir e interagir com a Mana. E este motivo pode ser que, igual a audição ou a visão, temos a capacidade de sentir diferentes diversas frequências das energias místicas, mas esse sentido está qualquer coisa entre dormente, mal nutrido, danificado, mal desenvolvido, qualquer combinação destes ou ainda outros não descritos.
    É apenas lógico que um aprendiz em seu primeiro estágio, ainda aprendendo a sentir a Mana, tenha mais chance de sucesso quando em contato com quantidades maiores dessa energia. Sabe o peso que a água tem quando mergulha? Agora tenta mergulhar vários quilômetros mar abaixo pra ver se água não pesa.

  • Ela se comporta como uma pessoa preguiçosa que quer algo e não faz nada para conseguir este algo.    
    O que significa que a Mana tem um potencial latente mas é incapaz de alcançar isso sozinha. E sendo incapaz de interagir com muitas coisas ela se mantém nesse estado potencial indefinidamente, até que finalmente entre em contato com algo que consegue ter interação.
    Esse novo sentido pode então ser tanto passivo quanto ativo. Assim como o tato, percebemos apenas aquilo em que estamos encostados, mas podemos nós mesmo encostar nas coisas para usar o tato. Uma vez que a Mana é uma energia, nós não movemos ela como movemos a matéria, então esse sentido poderia, digamos, colocar um foco que atrai a Mana, ou um oposto de foco que expulsa ela.

  • Existem 3 tipos de Mana: a que está sob seu domínio, a que está sob domínio de outro, e a que está fluindo na natureza
    Se a Mana funciona como se fosse uma onda, então posso dizer que como as outras ondas ela tem frequência, amplitude, comprimento mas principalmente, pode entrar em Ressonância. Como se cada pessoa tivesse sua própria assinatura em forma de uma ou mais frequências de Mana, e ao fazer com que a Mana entre nessa mesma frequência ela se sincroniza melhor com você. Como cada pessoa tem sua assinatura, é muito mais difícil você interagir com as energias dos outros, a não ser que você quebre essa sincronia e faça com que a Mana volte ao seu estado desordenado natural.


  • Um conjurador pode treinar o próprio corpo para absorver Mana que estará sempre sob domínio dele
    Assim como meramente sentir a Mana precisa de treinamento, o corpo também precisa. No caso do corpo é por que, primeiramente, ele não está "sintonizado". Cada célula é única, e por isso variações na frequência natural acontecem (pff, sorria e acene xD). Você sincroniza seu corpo de volta usando a Mana, e sincroniza a Mana usando o corpo. É mais fácil para as coisas irem para seu estado natural do que o oposto, portanto pouco a pouco ambos vão harmonizando até que estejam sintonizados com sua própria frequência de assinatura. Ambos voltam ao seu estado natural quando o processo acaba, a Mana volta pro ambiente em sua entropia de frequências, enquanto o corpo continua na mesma frequência pois é assim que deveria ser desde o começo. Sem treinamento ele pode voltar a ficar desordenado também, mas aí é outro assunto. Uma vez que seu corpo está "sintonizado", parte da Mana do ambiente, que por coincidência está na mesma frequência, é simplesmente atraída, como se você estivesse se focando no controle (2º passo), mas agora sem a necessidade de fazer isso ativamente. Ainda nesse assunto, o uso e abuso do corpo no domínio causa exaustão como qualquer exercício físico, o uso e abuso do domínio ativo causa exaustão mental como qualquer outro exercício mental, e o uso de qualquer energia que não esteja corretamente sincronizada pode causar danos quando movimentado através do corpo, o abuso pode ser fatal.

  • A Mana pode ser transformada em várias outras energias, e o conjurador deve fazer essa transformação como parte do processo de conjuração da maioria das magias. 
    Percebi que expliquei muito pouco sobre como ocorre o 4º passo, a Transformação. Lembrando: usa-se a Mana como uma energia “neutra” até o momento da conjuração, em que se transforma ela nas diversas energias que a conjuração possa exigir. Isso ocorre pois no momento que ela se transforma em outra energia ela passa a seguir outras regras, o que significa que já não funciona mais como a Mana funcionava, ou seja, o seu Controle dessa energia já não é mais o mesmo, se é que se tem algum controle ainda.
    As regras do controle dessas outras energias podem ser superficiais mesmo, deixo tudo que já existe seguindo as mesmas regras que já existem, como o fogo precisa de oxigênio, combustível e calor para queimar, ou a eletricidade precisa de uma diferença de potencial e corrente suficiente para superar a resistência para fluir, e por aí vai. O importante aqui é que se eu quiser conjurar, por exemplo, a magia Luz basta acumular Mana suficiente e transformá-la em luz. Se quiser conjurar um jato de chamas, o processo é semelhante mas você também precisa expulsar a Mana com pressão suficiente para as chamas irem pra longe numa direção e não queimar as suas mãos, além de obviamente ter Mana suficiente para sustentar tanto consumo.
    A Transformação se aproveita do potencial de mudança da Mana, de alguma forma você diz para a Mana o que quer que ela seja e ela então se transforma naquilo. E digo aqui que essa forma é herdada, como se fosse algo cultural. Cada cultura de conjuradores descobriu, ou herdou de outra cultura, sua forma de conjuração, e essa cultura é o que venho sempre chamando de Sistema de Conjuração, enquanto essas regras básicas que venho definindo agora seria a Teoria da Magia, e o Sistema de Conjuração que quero dar foco recebe o nome de A Arte.

  • A Manifestação é o que diz como vai ficar a magia no fim das contas, e deve ser capaz de trabalhar todo tipo de energia nas quais a Mana consegue ser transformada, salvo exceções. 
    O 5º passo nada mais é que o uso ordenado dos passos anteriores. Você não vai ter sucesso na conjuração se não conseguir sentir o fluxo de Mana, não vai ter Mana para conjurar se não conseguir controlar ela, não vai ter Mana suficiente nem controlar ela corretamente se não estiver sob seu domínio, e a Mana pura tem pouca utilidade já que quase não interage com as coisas, portanto é necessário transformar ela em algo que será capaz de alcançar o efeito que você quer.
    Faça todos estes passos e pode conjurar uma magia simples. Faça todos estes passos com inteligência, foco e habilidade e pode conjurar uma magia melhor. Faça todos estes passos várias vezes em paralelo de forma ordenada e temporizada e consegue conjurar magias avançadas com efeitos mais complexos.


    Gostei do resultado até aqui. Mas ainda falta o bendito do sistema de magia, como ele vai acontecer? Quais são seus princípios? Como fazer com que a Mana se transforme naquilo que quer? Fica pra um próximo post, esse já está grande demais.